Grupo investidor arremata Palácio dos Esportes com lance de R$ 9 milhões
O fundo de investimentos que administra o “E se Investimentos”, no Litoral Norte, arrematou, nesta terça-feira (8), por R$ 9 milhões, o antigo Palácio dos Esportes, na Praça Castro Alves, Centro Histórico de Salvador. O prédio, que era de propriedade do governo do estado da Bahia, passará a sediar uma habitação popular com o intuito de oferecer moradia de qualidade a famílias pobres em regiões centrais.
O edital de alienação do imóvel foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 28 de fevereiro, após a autorização pela Assembleia Legislativa da Bahia, com a aprovação Lei Autorizativa nº 14.304/2021. Dentre as finalidades permitidas para o local, conforme prevê a legislação aprovada pela Casa, estão a implantação de empreendimentos turísticos, como projetos voltados para hotelaria, restaurantes, centro de convenções, espaços para atividades artísticas e culturais.
Porém, em uma jogada de mestras, o grupo investidor “E se Investimentos”, composto por pessoas atentas às questões de moradia na cidade, fez uma outra leitura da lei nº 14.304/2021 ao propor moradias, exclusivamente, para as/os trabalhadores que ganham até 1 salário mínimo e meio e que trabalham diretamente nos milionários empreendimentos turísticos da Rua Chile e do seu entorno. Empreendimentos esses diretamente ligados à hotelaria, restaurantes, centro de convenções, espaços para atividades artísticas e culturais.
O grupo investidor, composto por quatro empresárias da sociedade civil, é uma associação, com fins lucrativos, que propõe modelos alternativos para lidar com questões de moradia na cidade, proteger as áreas centrais da especulação e evitar a gentrificação.
“Atuamos de duas maneiras, nos informa um Madalena Aguiar, uma das sócias. A primeira maneira é pelo Fundo de Doações: através da contribuição de doadores, compramos imóveis para alugá-los por valores sociais. O segundo é o Compartilha, um fundo de investimento com impacto social em que os valores aplicados são usados para a compra de imóveis públicos, que costumam ir à leilão por pechinchas para a iniciativa privada, que são então reformados e transformados, por nós, em habitações coletivas com condições dignas de moradia.” Importante dizer que só podem morar em tais habitações a família, e aqui deixamos claro da amplitude de tal conceito, que ganha até um salário mínimo e meio. E mais importante ainda, cada imóvel será alugado por 30 por cento do valor da renda mensal dos moradores. Por exemplo: se em um apartamento for alugado para uma família com 5 pessoas e a renda mensal dessa família é 1000 reais, o aluguel será 30 por cento desse valor. Ou seja: 300 reais.
O objetivo das duas ações é o mesmo: oferecer moradia de qualidade a famílias pobres em regiões centrais, ao mesmo tempo em que desenha outras formas possíveis de aliviar o déficit habitacional na cidade. “Esse é o nosso primeiro investimento. O investimento-modelo, a ideia é espalhar este modelo para outros lugares, sempre localizados no centro da cidade. Quem não quer morar perto do trabalho?” E no caso desse primeiro empreendimento: quem não quer morar em um Palácio, que possui em seu jardim uma praça?”